Apresentação: A Entrevista de Rádio
Trata-se de uma matéria jornalistica captada diretamente ao vivo ou gravação em mp3 ou em fita magnética. Através de perguntas de um entevistador/repórter a uma ou mais pessoas sobre temas da atualidade e de interesse geral. Pode ser Informativa, Opinativa, ou ainda, Biográfica.
Entrevista Informativa = É a procura de fatos, de dados objetivos, de matéria de valor jornalístico, mediante conversação com alguém bem informado em qualquer área: Política, Economia, Esportes, Educação, Ciências, Artes, etc.
Entrevista Opinativa = É a entrevista em que se busca a apresentação de idéias, a emissão de juízos e a sugestão de soluções. Tem um caráter subjetivo, uma vez que expressa um ponto de vista pessoal e discutível. Nesse caso, o ouvinte é convidado a pensar, refletir e fazer ser próprio julgamento. O entrevistado não precisa ser especialista no assunto, mas deve estar bem informado.
Entrevista Biográfica = Expressa o perfil psicológico do entrevistado. Nesse caso, não é somente o assunto que interessa, mas como o entrevistado o trata (opiniões, sentimentos e reações). A importância está no interesse que o entrevistado desperta na audiência. Nesse caso, as funções da fala são importantes, especialmente a de apelo.
Entrevista: Formas de Realização
Quanto à forma de realização, a entrevista tem quatro formas de realização, sendo duas delas individuais e duas delas de grupo: Individual Exclusiva, Individual Coletiva, Enquête, Debate (ou Mesa Redonda):
Entrevista Individual Exclusiva = Quando o entrevistado conversa ao microfone com um só repórter, para uma única emissora ou cadeia de emissoras associadas.
Entrevista Individual Coletiva = Quando vários repórteres, de várias emissoras diferentes, entrevistam um mesmo personagem.
Enquête = Entrevista com diversos entrevistados, abordados e ouvidos sem quaisquer discriminação profissional, social, etária, ideológica, etc.
Debate (ou Mesa Redonda) = Os entrevistados representam um mesmo grupo social ou profissional e são autoridades no assunto enfocado. Nesse caso, a programa deve ser previamente elaborado. O(s) repórter(es) deve(m) formular a introdução e pelo menos a primeira pergunta. Podem ser também preparadas todas as perguntas, dependendo do tema, Mas existe o risco da entrevista parecer mecânica e muito elaborada, o que desmotiva o ouvinte. Tem casos em que o ouvinte participa. É preciso saber conduzi-la. É importante que fale um de cada vez.
Flash
Trata-se de uma cobertura realizada no local dos acontecimentos e transmitida ao vivo, ou então, gravada. Nesses casos, o repórter é acionado do estúdio. Ele pode entrevistar alguém ou simplesmente descrever o fato no menor espaço de tempo. O repórter deve ter poder de síntese, fluência e imaginação, além de saber utilizar a ambientação.
O "Ao vivo" é o grande trunfo do Rádiojornalismo. Afinal, "explodem" fatos na rua a todo instante. Se tiver alguém por perto, munido de um telefone celular ou mesmo de um cartão telefônico, em questão de segundos, a informação chega à rádio e é transmitida para o público. Esse alguém pode ser um ouvinte que passa na rua e vê um acidente, por exemplo, mas o grande transmissor é o repórter. É no flash direto onde ele se expõe por inteiro.
Um artifício fundamental do repórter flash é a capacidade de improviso. E ela não nasce com a pessoa, mas é fruto de muito treino e se desenvolve com o tempo. Enquanto isso não acontece, o repórter deve cair em campo municiado de material escrito, para evitar erros no ar.
Outro item do "ao vivo" é o som, que o repórter deve aproveitar bem. Não se trata do som da voz do repórter, mas a ambientação, discussões, sirenes, protestos, choro. A sonoplastia não deve ser apenas descrita por meio de um texto ou entrevista.
Entrevistas Diretas e Entrevistas Gravadas
A diferença entre as entrevistas diretas e as entrevistas gravadas é a possibilidade de recursos para edição, que as primeiras não têm por se tratar de uma entrevista ao vivo.
Nas entrevistas diretas, a transmissão é ao vivo. Nesse caso, o repórter deve tomar cuidados especiais, como o de conhecer bem o entrevistado, escolher o entrevistado, ter segurança e acima de tudo, ter facilidade para se expressar diante do entrevistado e de seu publico.
Já nas entrevistas gravadas, o repórter dispõe de maiores recursos. Convém alertar o entrevistado da possibilidade de cortes e regravações. O repórter também deve dar oportunidade ao entrevistado de refazer alguma resposta, caso haja tempo.
Tipos de Entrevistadores que não deveriam existir
Tome cuidado para você não ser um deles:
Improvisado: Não se preocupa com nada. Na pressa, esquece as pilhas do gravador, o local da entrevista ou mesmo quem é o entrevistado. Ele também não se prepara para a matéria, nem se aprofunda no tema. As perguntas certamente vão ser desordenadas e superficiais, quando não "idiotizadas".
Nervoso: O repórter deve criar um clima de confiança mútua entre ele e o entrevistado, conversando amenidades, se der tempo, para que ambos se sintam à vontade. Pára muito as gravações e repete as perguntas, cortando a espontaneidade da entrevista. Isso quando não comete o pecado grave de ensaiar as perguntas e respostas.
Estrela: Passa o tempo da entrevista qualificando as palavras do entrevistado e emitindo as próprias opiniões ("sei..."; "interessante..."; "muito bem..."). E quando entrevista populares, o "repórter-estrela" adota um tom paternalista, crente que vai se popularizar. O negócio é ser breve ao fazer as perguntas e deixar o entrevistado falar.
Surdo: Temos que escutar atentamente o entrevistado para evitar uma repetição de perguntas. Tem repórter que não presta atenção no que o entrevistado está falando e se guia exclusivamente pelo seu roteiro de perguntas. O ideal é que a entrevista se desenvolva por ela mesma, pois a maior habilidade de um entrevistado é descobrir nas respostas uma deixa para a próxima pergunta.
Confuso: As perguntas devem ser curtas e claras. não se deve misturá-las. Se fizer duas ou três perguntas juntas, o entrevistado ficará confuso e não vai saber o que responder. As perguntas não devem ser amplas, para não confundir o entrevistado.
Culto: O entrevistador ocupa o lugar do público. Deve, portanto, falar com palavras simples e populares para que todo mundo entenda. Se o entrevistado começar a falar difícil, interrompa com educação e peça para o convidado explicar com mais clareza a fim de que todos compreendam.
Manipulador: É o rei da falta de Ética. Ele manipula a entrevista para os próprios interesses. As perguntas que fazem são respostas disfarçadas, questões dirigidas ou manipuladas, para fazer o outro dizer aquilo que esse repórter quer.
Velório: Tem repórter que é tímido ou formal demais e acaba dando um tom mais cerimonioso, quase fúnebre, ao microfone. Esse tipo de entrevistador contagia o convidado e em pouco tempo, os dois falam em voz baixa e triste, com "cara de enterro".
Metralhadora: Tem entrevistador que só falta fuzilar as pessoas com tantas perguntas. Entrevista não é apenas um interrogatório, é uma troca de idéias em que o repórter se interessa pelo convidado e ele se sente útil, não apenas fazendo um favor ao repórter.
Bobo: Também chamado de "segurador de microfone", deixa o entrevistado falar até cansar. Não conduzem a entrevista.
O Entrevistado
É importante a escolha do entrevistado para o tema a ser abordado, que deve ser atual e de interesse geral. Há o fator preferência popular, isto é, notoriedade comprovada, que mesmo não se expressando bem, tem a preferência do público. Muitas vezes, o entrevistado, mesmo conhecendo profundamente o assunto, se inibe diante do microfone ou do repórter, ou ainda, tem medo de se expressar mal ou de ser mal interpretado. O entrevistado tem motivações (favoráveis ou não) para participar de uma entrevista:
Motivações Favoráveis:
• Desejo de ajudar alguém ou a comunidade
• Satisfação emocional em expressar sua opinião
• Satisfação intelectual em dominar o assunto
• Simpatia com a emissora
• Simpatia com o repórter
• Simpatia com a audiência
• Importância do veículo, do programa e do comunicador
Motivações Desfavoráveis
• Medo do microfone
• Medo de ser mal interpretado
• Antipatia com o repórter
• Antipatia com o programa
• Antipatia com a audiência
A preparação do repórter
Ele deve reunir uma serie de qualidades para exercer seu trabalho da melhor forma possível: coragem, agilidade mental, atenção, preparação, ritmo, objetividade, clareza, faro, boa dicção, e conhecimento do material de trabalho. Preste atenção nas dicas seguintes para se fazer uma boa entrevista:
- Antes de sair para a entrevista, verifique o funcionamento do gravador, se ele tem pilhas novas, se as fitas estão na posição correta e se foi feito o teste de voz
- O entrevistador deve ter o tema bem claro. Se não o conhece, deve antes se inteirar do assunto. O entrevistado deve ser selecionado em função do tema
- As perguntas a serem feitas devem obedecer a uma ordem lógica. Formular um roteiro de perguntas ajuda muito.
- Nas entrevistas gravadas não devemos parar a gravação a não ser em casos graves: erros crassos, acusações levianas ou explicações quilométricas.
- Esquematize com antecedência a entrevista, tanto com o entrevistado, quanto com o tema.
- Trate o entrevistado por "senhor" ou "senhora"
Exceções: "Doutor", para médicos, advogados, juízes e quem fez doutorado
Tratamento coloquial para artistas, atletas, estudantes e crianças
- A surpresa é a grande arma da entrevista. Se necessário, mostre as perguntas ao entrevistado.
- Antes de começar a gravar, avise ao entrevistado que você vai fazer a marcação, um recurso para facilitar a edição de áudio. Na marcação, identificamos o cargo e o nome do entrevistado
- Marcação: "Atenção, edição, gravação com a cantora Ivete Sangalo..."
- Outro estilo de marcação: "1, 2, 3... gravação com Ivete Sangalo..."
- Produza a entrevista, entrando em contato com o entrevistado, pessoalmente ou por telefone, seja pontual e espere com paciência. Vá com boa aparência, seja educado, astuto e capte os pontos negativos.
-As perguntas não podem ser fechadas demais, pois assim as respostas são no máximo "sim" ou "não".
- A primeira pergunta deve ser abrangente (mas nem tanto), e depois, faça os questionamentos das perguntas mais importantes às menos importantes.
- Motive bem o entrevistado, que você vai colher o melhor possível.
- Fique atento às respostas, a fim de você pegar "ganchos" para as perguntas seguintes e para não fazer perguntas já respondidas.
- Se mostre neutro, por mais opiniões formadas que você tenha sobre o assunto. No Jornalismo Especializado, você pode insinuar de que lado está.
- Não faça muitas perguntas de uma só vez.
- Tenha sempre na cabeça que a figura central de uma entrevista é o entrevistado. Ele gosta de saber que você entrende o assunto, mas quer ser o centro das atenções.
- As interrupções (apartes) devem ser feitas na hora precisa.
- Nunca seja indiscreto. Quase sempre acontecem incidentes graves, provocando até mesmo a retirada do programa, quando é ao vivo.
- Nas entrevistas gravadas, o tempo da entrevista depende do repórter, mas se o entrevistado se alongar, a edição corta o que for desnecessário.
- Em noticiosos, é necessário que o repórter anuncie o entrevistado várias vezes, porque esse cuidado vale para os ouvintes que ligam o rádio depois da entrevista ter começado.
- Não esqueça de, ao final da entrevista, agradecer ao entrevistado e se possível, ceda o microfone para qualquer declaração complementar, despedidas ou agradecimentos à audiência.
Dicas para se dar bem na Reportagem "Ao Vivo"
- Seja conciso e direto no relato dos fatos e das circunstâncias
- Sinta o ambiente e busque referências concretas que dêem vida à matéria: hora exata, local, pessoas, etc.
- No relato dos fatos, explore os verbos e não os adjetivos. A função do repórter é informar e não emitir opiniões.
- Seja profissional em qualquer situação.Mesmo emocionado, não deixe de apresentar os fatos que o público espera ouvir do repórter.
- Nas matérias ao vivo, redobre os cuidados com a transmissão da informação. Num contato prévio com o entrevistado, procure "pinçar" as informações que vão poder ser extraídas.O cuidado com a linguagem também deve ser redobrado.
- Tenha preparado o material: gravador, pilhas e fitas extras, papel e caneta para anotar. Geralmente as emissoras munem seus repórteres de um telefone celular para fazer os flashes diretos.
Dicas para se dar bem com o microfone
Alguns anos atrás os microfones não possuíam a tecnologia de hoje. Com o desenvolvimento dos atuais, temos condições de ampliar a voz humana a extraordinários limites. A voz passou a ser mais bem detectada, ganhando um colorido todo especial. Da mesma forma que a voz passou a ser amplificada, com a nova tecnologia, surgiram também alguns requisitos básicos a serem observador pelos locutores quanto à sua utilização:
• ANTES DE USAR UM MICROFONE, DEVE-SE TESTÁ-LO JUNTO AO EQUIPAMENTO.
Atitude: Coloque a chave do microfone ou o canal em que ele está acoplado à mesa em áudio, e teste-o de forma a saber se está como o funcionamento normal. Via de regra sempre fazemos o teste antes de entrarmos no ar.
• POSICIONE O MICROFONE DE FORMA CORRETA JUNTO A VOCÊ.
Atitude: Os microfone são acoplados às "girafas", ou seja, a pedestais metálicos, reguláveis na altura e na distância. Certifique-se de que o microfone esteja desligado e regule-o de forma a ficar em distância e altura compatíveis ao seu trabalho.
• DISTÂNCIA CORRETA.
Atitude: Conforme o microfone variam-se as distâncias. Existem microfones mais sensíveis, que devem ficar a pelo menos 1 metro de distância do locutor, devido sua multidireção de captação sonora. É o chamado microfone multidirecional.
O Shure, Leson e outros de semelhantes características são chamados de unidirecionais, por captarem os sons da voz com qualidade, somente na posição frontal e, neste caso, devem ficar a uma distância de 10 a 20 cm do locutor. Pois do contrário, em distância provocaríamos os famosos "pufs" no ar, que nada mais são do que a saturação na capacidade de captação do mesmo.
• MAU FUNCIONAMENTO DO MICROFONE.
Atitude: Se o microfone começar a funcionar mal, não vacile em substituí-lo por outro. Normalmente mau funcionamento do equipamento se dá pelo desgaste do material, por quedas e fortes batidas no mesmo e ainda por mau contato dos cabos e conectores do microfone junto à mesa.
• CUIDADO COM A RESPIRAÇÃO, POIS O MICROFONE VAI CAPTÁ-LA E AMPLIFICÁ-LA.
Atitude: Uma das coisas que mais demonstram que um locutor é iniciante é a forma pela qual são feitas as tomas de ar antes de se falar. O microfone amplifica os sibilados da voz
e os ruídos provocados pela boca. É extremamente desagradável ouvirmos alguns tipos de ruídos provocados pela língua, dentro da boca, durante a locução. Cuide para isto não acontecer.
• NÃO DÊ APARTES PRÓXIMO AO MICROFONE, A SUA FALA SERÁ CAPTADA E AMPLIFICADA.
Atitude: Muitas vezes o microfone é deixado aberto no ar, por esquecimento ou propositadamente, quando na passagem rápida de um segmento a outro do programa. Neste momento devemos cuidar para que não provoquemos sons detectáveis junto a ele, tais como: Úfa, Que calor, Vá mais pra lá, etc.
• SE ESTIVER LENDO NÃO VIRE AS FOLHAS DIANTE DO MICROFONE, VIRE-AS FORA DE SEU ÂMBITO DE ALCANCE.
Atitude: Procure dispor de forma ordenada as folhas dos noticiários ou da programação. Desta forma, quando você entrar no ar, não correrá o risco de perder-se diante delas.
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